A Carta

Embaixo de um tapete, em algum lugar perdido das memórias dela, encontrava-se uma carta. Uma carta diferente, pois estava em branco, não continha destinatário nem remetente. O envelope era branco, totalmente liso, assim como a única folha de papel A4 dobrada três vezes dentro dele.
Quantas vezes ela se lembrara da porta, do tapete, das paredes e não da carta? Acho que ninguém sabe. No entanto, aquela carta era uma das coisas mais preciosas que ela tinha. Era a única coisa que a ligava a um mundo despreocupado, livre, um mundo que ela às vezes achava que era apenas sonho, que não tinha existido. Mas tinha.
Poderia-se dizer que esta história é sobre uma garota. Mas na verdade, essa história é sobre uma das coisas mais inusitadas e imprescindíveis nos dias de hoje. Uma coisa que ninguém lembra.
A carta, meus amigos, é uma consciência limpa.